terça-feira, 23 de agosto de 2011

A voz enigmática de um raro Rubi


Você ouve uma voz em uma canção e perde os sentidos, ou aguça todos eles...

Ouvia o lançamento do álbum do grande amigo Bruno Batista em sua casa (que, por sinal, merece mil posts depois de eu poder degustar tudo que ele trouxe em 'Eu Não Sei Sofrer Em Inglês'), em meio a algumas doses de boa vodka-tônica, mas não pudemos ouvir o álbum até o fim. Saíamos. Por conta disso deixamos de tratar sobre os vários aspectos de primazia e musicalidade que o Bruno traz em cada faixa de seu novo trabalho.

Depois, começando a degustar a nova obra-prima do Bruno, me impressionando com o que se fez ali, ouvi a participação de uma voz que me chamou muita atenção, na quinta faixa do disco. Fui à ficha técnica e lá notei que 'Vaidade' - por sinal, linda! - tinha a especial participação de Rubi.

Não conhecia. Fui em busca no My Space de onde garimpo raridades. Eu digitava 'Rubi' e não achava nada igual com aquela voz. Tive que me valer do Google (teimosia de quem já poderia ter poupado trabalho, mas se orgulharia de dizer que o 'My Space' vale a pena! Tsts...). Digitava "Rubi" e em seguida "cantora". Nada.


Eu pensei um pouco. Estava eu me restringindo onde não deveria. Resolvi digitar no lugar de "cantora", a palavra "cantor". E lá estavam milhares e milhares de tudo sobre "O" Rubi. E que vergonha contar isso! Que vergonha não ter conhecido, até então, esta maravilha que é o Rubi.

Eu saberia que o Bruno, artista perfeccionista, de um talento pululante e uma voz especial não traria alguém que não fosse tão especial quanto ele.

É, pois, goiano mas se radicou em São Paulo, como fazem, hoje, os grandes talentos da música popular brasileira de uma forma mais incisiva. Mas Rubi não é qualquer cantor que tenha vindo de Goiânia para São Paulo para se arriscar. Ele veio, e já há algum tempo, porque a capital cultural do país precisava ouvir a sua voz. Pura generosidade!

Generosidade porque é daqueles cantores que tira o fôlego. Sua voz impressiona pela tessitura, que vai do barítono ao contralto. Sua voz, de tão sublime, o leva sei-lá-pra-onde, fazendo-o imergir no que canta; transita em um terreno extenso e pouco comum entre os homens, sem cair no exótico como se dava nos gritos de Edson Cordeiro e sua vasta cabeleira a interpretar a ária mais famosa de Mozart para fazer sucesso. Hoje não. Cordeiro amadureceu de verdade. Rubi, por sua vez, usa seu tom feminino muito bem, com sensibilidade. 

Pesquisando sobre o artista, soube ter sido eleito melhor intérprete pelo júri popular e terceiro colocado geral no 8º Prêmio Visa, um dos mais importantes do país.


Rubi é um assíduo da Contra-Indústria, talvez o motivo - se é que sirva para o meu consolo - pelo que não tivera antes contato com a sua arte. Está inserido na faceta que emerge da música independente no país depois que se acabou com o imperialismo das Gravadoras (nem tanto, digo melhor!). Em seu repertório vi nomes de peso: de André Abujamra, genial, até Milton Nascimento.

Eu não o conheço bem ainda, mas já entendi a moral da música e da voz de Rubi – é um conselho para que saiamos do óbvio; deixemo-nos impregnar pela arte de uma turma que privilegia a criatividade e deixa de lado as fórmulas de mercado. 


Bom, esse rapaz merece atenção, e não ouvidos cansados. A solução é conhecer aos poucos, apreciar obra a obra. Comece você agora... 



"Ribeirão"


   "Al"

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