segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um lugar chamado Williamsburg

Ei, olha só! Vamos falar de Nova Iorque!
A partir de hoje começo uma jornada diferente, fugindo do eixo Broadway-5th para conhecer de verdade a cidade.

Lógico que umas comprinhas entre a 32nd e a 40th, a 8th e a 5th, vale a pena, mas não se proste ali como uma das milhares de placas indicativas de direção a lugares como Williamsburg, Brooklin, Chelsea, SoHo, Village, Harlen, Bronx (sim!), Queens... São exatamente esses lugares que tem muito a nos oferecer!

A partir de agora, com fotos e otras cositas más vou dividindo "experiences" fascinantes na top of the world que eu só trocaria, talvez, por Berlim.

Olha que foto fantástica!

Um sujeito de chinelos e calção no calor forte que fazia na cidade, talvez um imigrante solitário, que lia ali naquela galeria, um livro, descontraído, num dia qualquer. Estávamos em Williamsburg, um distrito, ou uma "vizinhança" peculiar do Brooklin, além-Hudson, que está entrando na moda dos mais antenados. Você lembra como era tido o SoHo alguns anos atrás? Um lugar cult, super tendência? Bem, o SoHo ainda é, mas está virando reduto das madames que não suportam mais o vultoso fluxo de turistas que abarrotam as vitrines Prada e Louis Vuiton da 5ª Avenida (eu falei em brasileiro aqui?!), e essas e outras badaladas grifes estão gerando um congestionamento, inclusive cultural ao local. Que pena!...

Pois bem. Decidiram então dar um up-grade no Brooklin, mais especificamente nos arredores do que se conhece como Williamsburg, e o que você encontra lá é New York de verdade, do nova-iorquino da gema que viveu e vive ali até hoje como um território seu.(psssss... silêncio, não espalhe!).

Lojinhas típicas do lugar
Lá, ainda se vê os costumes típicos da gente que foi educada na cidade. Ainda existem lojas antigas que passam de geração para geração. Compra-se desde fotos antigas e amareladas, milhares delas, de pessoas que você nunca viu na vida nas mais inusitadas situações (só não sei se compram aquilo, mas que eu fiquei olhando, ah sim, eu fiquei!), até baixelas de prata pura do século retrasado de alguém desesperado que deixou ali porque devia pela compra de "alguns produtos" no Bronx.
Vi um telefone azul-bebê da década de 20. Pôrra, eu queria aquele telefone! Meus amigos diziam "tá doido!", mas não estava não! O último que vi desse foi numa foto do Instagram que uma mulher australiana clicou num hospital da Rússia e não fez o que lhe pedi. Queria que ela ligasse para o hospital que esteve e pedisse. Dei, inclusive, o meu endereço para que, caso comprasse do hospital, me enviasse. A maioria são pretos e esse era o único azul-bebê! Ali estava outro, na minha frente!

Me conveceram a esquecer o telefone. Mas eu não iria deixar de lado aquela estatueta legítima de um Telly Award de ouro por 75 dólares! É! Alguém simplesmente ganhou o prêmio de festival de TV e Publicidade e simplesmente deixou lá para vender!!! "Pra quê você quer um Telly Award, gente?! Foi você o ganhador?!"

Realmente, para quem se liga nas pitorescas chamadas que o lugar te dar, você, se não estiver com amigos de freio, não vai sair dali nunca, encantado, ou vai, sem dinheiro e com trezentas malas de bugingangas, diga-se... Ou não!

Há galerias aos montes e de todos os tipos com brechós, lojas com ponta de estoque da coleção dos anos 80 e 90, com roupas novinhas, lojas de artigos modernos com um toque retrô, vários antiquários, lojas que vendem sabonetes diferentes, as que vedem varios tipos de moleskines e companhia, as de milhares de canetas, uma loja inteira somente de papéis (como?), lojas que vendem não-sei-bem-o-quê...

A Bedford Street, o principal reduto de Williamsburg é onde você irá ver de tudo, além de todos os tipos de pessoas: casais de velhinhos, colegiais típicas, grunges, punks, nerds, aquelas que falam com você no meio da rua como se fossem amigos da época do grande crash de 29;  é onde você pode encontrar a maioria das galerias e lojinhas legais, assim como cafés bem aconchegantes onde estarão sempre sorrindo para você, recebendo-o com uma enorme copo de tap water.

Uma das diversas galerias de Willimsburg
Entrei em uma dessas galerias, aquela da foto do leitor de chinelos, e que realmente não sei o nome porque a última coisa que queria saber era o nome daquela galeria que se não tiver nome não faz a menor diferença, um prédio antigo e mantido em seu estado natural (para não dizer 'jamais reformado'). Mas quando você imaginaria ver lugares assim, com um certo ar de rodoviária do interior com aspectos surreais de outro planeta, e bem no centro dos EUA?! Legal demais! E as lojas todas cults e cheia de atrações. Desde dos vendedores aos artigos que vendem, coisas malucas, invenções, objetos de alto design e coisas bonitinhas mas que não servem pra nada a não para dizer que comprou em Williamsburg.


Percorrendo o lugar passo-a-passo, a cada centímetro, ia ficando para trás em metros do resto dos amigos. Eu me encantava com tudo, e, todo mundo, ou se encantava com nada ou se encantava com tudo e tinha pressa por mais. "Vem, Flávio, sai daí, já chega! Achei uma lojinha muito legal! Você precisa ver um abajur que é feito de fio de plástico que você desenrola e põe na mochila". "Hã? Sei lá... Tudo tem limite...", só pensei...

Não são coisas típicas do capitalismo americano. Ali você, além de encontrar uma atmosfera nostálgica e super up-to-date ao mesmo tempo, você vai se deparar com o novo e o velho, lado-a-lado, ou em fusão. Eu, por exemplo, fiz uma aquisição que já almejava há tempos, de uma forma melhor do que pensei: uma vitrola. Mas calma aí! Não é qualquer vitrola...

Arte nos muros
A companhia americana Crosley de eletrônicos lançou uma jogada genial. Passou a produzir equipamentos retrôs com tecnologia moderna. Você pode ter desde um rádio a vávula a uma vitrola com cabos USB. A última loja do térreo da galeria sem nome me hipnotzou. DigitalFix. Lá eu comprei a vitrola como deve ser. Sem modernismos tecnológicos, mas novíssima.Uma réplica autêntica da Crosley da década de 60 novinha, recém-fabricada com peças no mercado mas sem extras que não seja a sua função de tocar vinil. Para cabos USB, sinceramente não me serve uma vitrola! Tratei no dia seguinte de comprar o LP da banda Florence + The Machine no show do Summerstage mas também lembrei que minha mãe não havia se desfeito de todo o seu acervo. Aliás, vinis é o que não faltam na América, em todas as lojas que um dia vendiam Cd's! (http://migre.me/5ia5V)

Já se passavam duas horas. Os amigos e primos rodaram 15 por 7 na proporção Eles x Flávio. Mas eu fiz a festa na DegitalFix. Que loja legal! Dá vontade de carregá-la inteira! Eu carreguei... a vitrola e muitos outros cacarecos... e que trabalho que me deu... Ufa! Mas sorrindo que era uma beleza!...

Fomos entrando em todas as transversais da Bedford Av. quando inusitadamente me deparei com algo inimaginável, até então, para mim, numa cidade. Uma Banho Público! Isso mesmo! Você está suado, passou o dia todo trabalhando, ou o desodorante venceu, entra lá, paga cinquenta centavos de dólar e toma uma chuveirada! Em Williamsburg não há motivos para andar mal cheiroso, então niguém se atreve com esta justificativa, e, ao contrário, se vê pessoas sempre bem vestidas e em sintonia com a moda. O Banho Público tem mais de 100 anos e será que os europeus ainda não sabem disso?!

Banho Público
Bom, não precisamos tomar banho até então, mas resolvemos comer. No DuMont Burger, em uma esquina da Bedford. Um suculento hambúguer, alto, ao estilo midwell, com queijo gruyère, salada verde com molho french e bigs frieds rings onions. Você pode dispensar a fritura e dobrar a salada.

A sobremesa dispensamos, lógico! Num lugar como Williamsburg, você tem que disparar na frente antes que encha de gente chata e turistas do tipo 'dei-por-visto". Deixamos a sobremesa para outro local e assim teríamos oportunidade de conhecer mais. Conheceríamos assim o falado Juliette Cafe. Uma água com gás, um café e uma torta de maçãs, especialidade da casa. Atendimento estranhamente péssimo, mas tudo bem... Não é igual a lugares que você costuma ir e exige por isso.

Ao final do dia, quando tudo já mesmo fechava as portas e ninguém mais tão legal andava pelas ruas de Williamsburg, uma respirada, para, cheios de coisas nos olhos e na cabeça (assim como nas sacolas) voltarmos por debaixo do Rio Hudson à Manhattan... Ah, fui embora dali como quem conhece esses lugares que nunca mais dá vontade de ir embora e com a sensação de que ainda vai morar ali pra sempre...


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Principais endereços desse texto:
DigitalFit - 218 Bedford Ave, etween 5th St & 4th St. North Side
DuMontBurger - 314 Bedford Ave., entre a 2nd St e a 1st St.
Juliette Cafe - No coração de Williamsburg, Brooklyn, alguns metros da esquina da Bedford com a 5th St, 135 North 5th Street, 11211

P.S. Mais fotos de Williamsburg no meu Instagram: www.instragr.am

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