quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Você já morreu hoje?

Minha leitura atual é um tanto pitoresca como é o seu alvo-mote: Ozzy Osbourne.
Não é preciso muitas páginas de "Eu Sou Ozzi" para descobrir em John Osbourne, roqueiro e vocalista heavy metal, uma das figuras mais bizarras da face da Terra. Talvez seja por isso que a leitura prende tanto - porque vemos um pouco de nós em Ozzy ou porque não nos vemos em nada dele, o que já penso ser mais improvável.
De uma forma ou de outra, o mundo maluco do cantor fascina não somente pelas suas maluquices, mas pela forma inteligente como  levava sua vida. Dia desses, Lucas, um primo meu, escreveu algo anticonvencional para uma criança de 10 anos, o que causou certo alvoroço na família. Postou em sua página do facebook: "para quê tanto orgulho se o futuro é a morte?".
Embora não pareça, acho os dois fatos aqui descritos muito próximos. A morte é nossa companheira cotidiana, mesmo que estejamos na inocência de nossa dezena de anos completada, que o diga o jovem Lucas. Para Osbourne, morrer era uma forma de viver. Encontrou a morte em tudo que viveu e brincava com ela. Não porque a desejava, mas porque pensava que a única forma de se desprender do fim ou de encará-lo com certo approach seria lidando bem com ele. Saber que temos um futuro certo, e que esse futuro assim o é para todos, sem nenhuma distinção, nos ajuda a encarar os desmandos do ser humano e suas vicissitudes atuais de forma realista.
E qual a vantagem disso? Vive-se melhor porque olhamos o ser humano de forma compadecida e não nos deixamos mais espantar quando um Ozzy pintar na nossa frente, assim todo tatuado como que a expressão da falta de amor. E vamos aprender, primeiro, que nem tudo que parece é e que o Ozzy, embora todo tatuado e bizarro, não é tão espinhoso quanto pensamos. Eis a nossa primeira queda: deixamo-nos levar por tudo que tão-somente nos parece.
Quando aprendemos a começar a viver lá na escola primária, nos ensinam que SER é a mais importante virtude, e, mesmo que nosso colegial esteja um tanto longe, vemos como se tem de lado, até hoje, esses objetivos espirituais.
Mas já tivemos tempo de sabermos que a vida nos prega peças lindas para que, nem que seja à força, descobrirmos que o mais simples sentido humano nos indica uma direção: SER... mais humano, solidário, verdadeiro, amigo, filho, pai, companheiro, mais pé-no-chão, mais bondoso, mais humilde, mais caloroso...
Aprendemos a ser mais gente, pois. Vamos descobrindo que a morte é companheira porque algo fantástico está guardado para nós e isso pode nos ser entregue a qualquer momento. Caso esqueçamos que viver nada mais é que uma forma muito grandiosa e iluminada de morrer, vamos vivendo mortos sem a consciência de que nosso futuro pode ser lindo; de que a consciência da morte é o nosso mais mais novo passaporte para a felicidade.
Eu tenho aprendido bem essa lição. Enquanto a morte não vem, eu morro todo dia. Mas morro com a certeza de que em uma hora (ou no máximo uma alvorada) estarei ressuscitando. Procure a morte dentro de você. É assim - acredite - que você vai aprender a viver...

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