sábado, 10 de dezembro de 2011

Lioness: Hidden Treasures - um ábum vivo

Falar de Amy Winehouse não me é apropriado. Confesso que sou um tanto chato com minhas lamúrias de apaixonado. Sempre fui desde que a ouvi pela primeira vez e minha história de eloquências é, inclusive, um tanto conhecida. Depois de sua morte, evitei tratar. Penso que ela merece o descanço que sempre precisava aqui. Relutei, mas não consegui - vim falar de "Lioness: Hidden Treasures".

A história de edições post mortem nem sempre é justa para com aqueles que se foram mas se há exceção digna e revelante é o álbum póstumo da diva (juro!). Isso nos é ainda mais convicente quando fazemos a inevitável comparação com o último álbum que tivemos do tipo, o de Michael Jackson, que, sinceramente, não mereceu tamanha falta de bondade.
 
Há quem garanta que "o que foi não volta a ser". E o que resta é somentede tristeza e a certeza de canções atemporais trasmitida por uma sombra de saudade. "Lioness: Hidden Treasures", entretanto, rompe com a tradição de explorar a imagem e obra depois que "o criador" se vai e mostra como se pode construir um álbum feito de retalhos sem que, lá em cima, alguém se envergonhe por isso.

"Back to Black", tido como um dos melhores álbuns da música contemporânea, pode não servir de comparação porque lançado em outras circunstâncias, mas é muito coerente dizer que o conjunto de obras coletadas aqui é digno da artista que foi Amy Winehouse, apesar de seus atropelos comportamentais.

Mark Ronson e Salaam Remi encontraram uma variedade de tons que serve uma cantora sempre emotiva, por vezes mais calorosa como se pode sentir em "Our Day Will Come", ou imbuída de dramatismo como na leitura que se faz da versão inédita de "Will You Still Love Me Tomorrow?", uma das mais belas canções da carreira de Amy.

Para nos emocionar mais ainda, os brasileiros, e lamentar um tanto o fato de ter estado fora do set list de sua turnê por aqui em janeiro deste ano, a divulgada gravação de "Garota de Ipanema" me tirou o fôlego e foi aí que me deu aquele nó na garganta que nenhum álbum post mortem conseguiu ou conseguiria, provavelmente. Sua interpretação certamente está lhe rendendo uma boa a festa no céu com Tom e Vinícius...

Não vale a pena interpretar "Lioness: Hidden Treasures" como o sucessor de "Back to Black" e "Frank", e isso se tem propalado com certa constância não somente por quem o ouve de forma crítica. Em Lioness estão representados diversos momentos da carreira curta mas preciosa de Amy. Quando se ouve o álbum, doi ainda mais saber que ela não está mais entre nós e, irrefutavelmente, pensamos que o que resta é somente aquela sombra de saudade.

Não nego que doi ainda mais por saber que essa lacuna foi ocupada por Adele...

Amy Winehouse
"Lioness: Hidden Treasures"
Island/Universal

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